Neste dia 9 de Março, como todos os anos, LAWA se uniu à passeata Million Women Rise. Nesse sábado marchamos ao lado de nossas companheiras na luta pelo fim de toda forma de violência contra mulheres e meninas no Reino Unido e no mundo. Celebramos a força de nossa resistência transnacional e intersecional e nos solidarizamos para que nós mulheres continuemos evoluindo juntas.
Como mulheres de toda América Latina, viemos lutando e resistindo à opressão desde a invasão colonial Europeia que violentamente nos impôs um sistema capitalista, racista e patriarcal, o qual ao longo dos anos vem brutalmente violando e desumanizando as mulheres, em especial as mulheres negras e indígenas. O legado desse processo continua se propagando através do colonialismo contemporâneo e de um patriarcado racista, o qual viola sistematicamente e impunemente nossos territórios e corpos em todos os cantos do globo.
Nos solidarizamos e nos inspiramos em mulheres Latino Americanas e do Sul Global que vem se mobilizando em grandes movimentos feministas contra a normalização da violência e opressão racista, classista e machista que recentemente se intensifica na proliferação de sequestros, torturas e feminicídios. Nos unimos e gritamos juntas: ‘Ni una a Menos, viva nos queremos!’. Na América Latina e também no Reino Unido, queremos denunciar a violência contra mulheres executada tanto por homens quanto pelo estado, pois sabemos que esses feminicídios praticados pelos homens e protegidos pelo Estado, podem sim ser prevenidos.
Como imigrantes Latino Americanas vivendo no Reino Unido, hoje e todos os dias lutamos contra a maneira sexista e racista pela qual a sobreviventes de violência são tratadas quando procuram ajuda, muitas vezes sendo criminalizadas, deixadas desamparadas e novamente abusadas psicologicamente e moralmente. Nos levantamos contra o ambiente hostil criado pelo governo Britânico que prioriza um controle imigratório racista e xenófobo à segurança e bem estar das sobreviventes imigrantes. Lutamos contra os cortes de financiamento aos serviços de apoio a sobreviventes de violência que garantem mínima qualidade de vida e segurança à mulheres de minoria étnica. Estamos cientes que tais cortes têm como dificultam e desumanizam a vida das imigrantes sobreviventes de violência de gênero.
Nos levantamos contra todas as formas de violência , tanto intrapessoal quanto sistemáticas, contra todas as mulheres, sejam elas trans, não binárias ou mulheres cis; lésbicas, bissexuais, Queer e mulheres heterossexuais; mulheres racializadas e brancas; mulheres submetidas ao controle imigratório, com ou sem a devida documentação; mulheres pertencentes à todas as classes sociais; mulheres com ou sem necessidades especiais, tanto física quanto mental.
Juntas ecoamos os nomes e vozes de todas as mulheres violentamente assassinadas; invocamos a força e coragem de nossos ancestrais que resistiram ao processo colonial e ao genocídio de nossos povos. Hoje e todos os dias continuaremos lutando, resistindo e nos unindo em irmandade até que todas as mulheres e crianças possam viver livres de violência e possam atingir sua autodeterminação.